Muita gente ainda estranha quando você
diz que seu filho vem de um óvulo de uma outra pessoa. Eu mesma estranhei por
muito tempo quando me disseram que só poderia ter filhos através da ovodoação.
Como assim? Terei um filho de uma outra mulher? Estarei traindo meu
marido? Ou meu marido estará me traindo
comigo mesma? Muito louco esse mundo de hoje! Quando falo sobre ovodoação com
as outras pessoas a primeira reação é: Ah! Entao ele não é seu filho? Ou Ah!
Então ele é filho de outra mulher? NÃO! ELE É MEU FILHO! (as pessoas falam
muito sem pensar antes!) Como não seria meu filho? Eu gerei ele! Eu nutri e dei
todos os elementos necessários para que ele se desenvolvesse, eu senti ele se
mexer dentro de mim, eu amamentei ele e principalmente: EU DEI AMOR! E EU FAÇO
MEU PAPEL DE MÃE!
Antes que você me pergunte se eu saio
falando para todo mundo que meu filho veio de um processo de Inseminação
Artificial com Ovodoação eu te respondo que não. Mas sim, hoje em dia eu me sinto muito mais a
vontade para falar sobre isso. Antes, quando ia fazer um exame médico e
precisava dizer a data da última menstruação, eu tinha vergonha de dizer que
não menstruava mais. Ou dizia que era dia 1 de abril (rsrs) ou chorava e
acabava dizendo a verdade. O fato é ( eu achava) que as pessoas me olhavam meio
estranho quando eu dizia isso. A segunda pergunta era: mas qual a sua idade? Tão
jovem não é? Hoje quando não estou com saco, e acho que a informação não é tão
importante, eu continuo dizendo 1 de abril! Pelo menos só está atrasado no
máximo 11 meses e não 7 anos! Mas na
maioria das vezes eu digo: não menstruo mais! Como geralmente meu pequeno está
comigo vem a pergunta: mas como engravidou? Por ovodoação! Ponto final!
Bom já escrevi um
monte de coisa e ainda não falei o que queria. O post de hoje é para falar
desta relação doadora e receptora. Sou extremamente grata pela minha doadora!
Sem ela não poderia ter realizado este sonho da maternidade. MUITO OBRIGADA
MESMO! Agora repare que escrevi que minha gratidão é imensa mas não eterna.
Poderia ter escrito que sou eternamente grata a ela (e realmente sou). Se você, leitora, é uma doadora fique sabendo
que, através deste gesto tão maravilhoso, fez com que o meu maior desejo se realizasse.
Geralmente doadoras de óvulos também estão fazendo tratamento para engravidar e
entendem esse desejo e a frustração. É realmente incrível você poder contar com
a generosidade dos outros. Mas o que quero colocar aqui é que esta relação
acabou no momento da minha gravidez. A partir deste momento sou eu quem toco
tudo! Pode parecer que sou fria ou ingrata, mas não é esta impressão que quero
deixar. Quero colocar para vocês é que a doadora não fica participando da minha
vida (em forma de pensamento). Obrigada
e ponto final.
Por que disso tudo?
Passou pela minha cabeça que eu iria olhar para meu filho e iria ver traços da
minha doadora. Quais traços se não tenho a menor idéia de como ela é? Meu filho
se parece com meu marido! Não tem nada de parecido comigo. Nossa! Quantas
crianças são a cara do pai ou não se parecem com nenhum dos dois? Sim! Tem
muitos que são uma mistura da mãe e do pai ou são a cara da mãe, mas tem os
outros casos também. Engraçado que as pessoas me pedem desculpas e falam que
ele é a cara do pai. Eu fico tão feliz!!!
Já contei em outro
post que cheguei a tentar com óvulos das minhas irmãs. Pois é... Hoje acho que
foi melhor não ter dado certo. Acho que seria estranho minha irmã vendo eu lhe
dar com meu filho. Cada um tem sua maneira de criar seus filhos e age como se a
sua forma de criação fosse melhor que a dos outros. Fico pensando como seria
num momento de divergência deste tipo, se haveria alguma discussão. Sempre
conversamos sobre isso, mas uma coisa é falar, outra é a prática. Hoje em dia sou uma defensora da total falta
de conhecimento da doadora. Se quer alguém com suas características confie no
seu médico. Sei lá... Acho que seria estranho para mim saber algo mais da minha
doadora. Não tenho a menor vontade de ver foto de quando ela era criança ou
como ela é hoje. Não me interessa saber qual a sua religião ou sua profissão.
Não faz diferença! Qualquer tipo de conhecimento me faria procurar
caracteristicas nele que seria dela (eu acho). Posso (e devo) estar errada! Mas
acho que quanto menos coisa souber da doadora menor será meu vínculo com ela.
Muitas clínicas oferecem um minicurrículo com fotos da doadora quando criança.
Isso porque, neste caso, são doações compartilhadas. Ou seja, a receptora ajuda
com parte ou total dos custos do
tratamento das duas. Neste caso, metade dos óvulos vai para a doadora e metade
para a receptora. Não recrimino esta
prática, mas acho meio estranho ficar escolhendo quem vai me doar os
ovulos. Bom, eu falo isso hoje com meu
filhote já nos braços, mas não pensei sempre assim.
Conversei muito
sobre o tipo de características que achava que ele deveria procurar numa
doadora. No meu caso, insisti que queria uma doação por doação. Sem troca de
favores. No final das contas meu filho nasceu com muitas características do meu
marido ( e nenhuma minha) mas com sangue A+. Eu e meu marido somos O+. Para
aqueles que não tiveram aula de biologia, O é recessivo e, portanto, pais com
tipo O só podem gerar filhos com tipo O. Putz! Que furo do médico! Talvez...
Chorei, fiquei danada com ele, disse que ia processar... Mas meus sábios pais
me alertaram. Não deixe que isso estrague este momento tão especial e bonito
que é o nascimento do seu filho. Resolvi aproveitar o momento. O tempo passou e
isso ficou pequeno e o amor por ele tão grande! Não importa! Não faz diferença!
A, B, O, loiro, moreno, ruivo... Alí está o meu maior amor! E que amor!
Um dia passei em
frente da clinica com meu filhote (na época com uns 3 a 4 meses) e resolvi
entrar para falar com o médico. Comentei sobre o fator sanguíneo (não mais como
uma reclamação, mas uma constatação e tentando entender porque não tinha tomado
este “cuidado”) sua resposta foi objetiva e clara. Resolvemos dar preferência a
qualidade dos óvulos, já que tinham sido muitas tentativas sem sucesso. O fato
é que nunca me senti explorada lá. Não sei se foi uma falta de atenção, erro,
sei lá... Não me importa, não quero saber! O que eu queria mesmo eu consegui!
Engravidar e ser mãe! Estou muito feliz! A única coisa de diferente é que agora
tenho certeza que irei contar para ele sobre a forma como ele chegou a este
mundo. Se me preocupo com isso, não! Mas isso é assunto para outro post!!