terça-feira, 25 de agosto de 2015

Porque a genética (não) é importante!


Aos que leram os primeiros posts viram que eu cheguei a valorizar muito essa tal de genética! Mas o que é genética? Genética é a ciência que estuda a hereditariedade, assim como a estrutura e função dos genes. É através dela que podemos compreender como as características físicas e biológicas são passadas através das gerações dos seres vivos. A genética é estudada em todos os tipos de seres vivos, desde bactérias, fungos, plantas e animais (incluindo nós seres humanos!). As pesquisas realizadas nesta área tem contribuído para inúmeros avanços na área da saúde. Quando falamos em filhos, em termos biológicos, estamos falando em perpetuar a genética da espécie. Em termos de sociedade falamos em perpetuar os NOSSOS genes. 

Nossos genes são uma mistura de vários outros. Herdamos 50% da nossa carga genética de um óvulo e a outra metade de um espermatozóide. Mas essas células se formaram a partir de pessoas que receberam essas células dos seus pais (dos seus avós) e assim por diante! Um indivíduo é formado a partir da mistura de vários genes ao longo de várias gerações.  Mas ok! Agora vc é um indivíduo formado com todas as suas características físicas como a cor do seu cabelo, dos seus olhos, seu tipo de pele, o formato do seu nariz, da sua sombrancelha até dos dedos dos seus pés! Além das características físicas, temos as que não vemos como o tipo sanguíneo, predisposições a doenças etc.  Legal! Mas falta um componente: a alma e a criação. Somos o que somos em função de nossa personalidade e do ambiente onde somos criados.  Mais importante do que perpetuar a cor dos olhos ou do cabelos é perpetuar valores! Quem serão nossos filhos e não como serão!

Quais valores vamos passar aos nossos filhos e como vamos criá-los. É isso que fica para um ser. O que sou hoje vem das minhas experiências de vida e boa parte dela influenciada pelos meus pais.  Vejo isso hoje em meu filho! Ele é lindo e não se parece fisicamente comigo, mas tenho conseguido passar para ele meus valores e tenho dado oportunidade dele experimentar coisas na vida que considero importantes. E assim a vida vai se contruindo. E assim vou conseguindo passar o que considero de importante para ele! Aos seus filhos ele passará o que ele tem de valores e experiências e assim a humanidade caminha!

Muitas mulheres tem esperado muito tempo por uma ovodoadora. Espera-se alguém que tenha as mesmas características genéticas que a receptora, mas será que são necessárias quantas características semelhantes para nos tornarmos mães e pais?  

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Contando para meu filho sua história...


Outro dia precisei fazer um exame de sangue e levei meu filho comigo. Ao ver todos aqueles tubinhos de coleta de sangue ele falou: “Ela depois vai colocar na sua barriguinha?” Na hora a moça que estava coletando o sangue perguntou: “Tá achando que isso aqui é uma FIV?” Ri e expliquei a ela que provavelmente sim! Isso vem do livro que leio para ele. Expliquei para ele a diferença do exame de sangue para a FIV (de maneira simplificada é claro). Achei legal o comentário dele, pois significa que ele assimilou um pouco da idéia do livro que ele tem.
 
Hoje vi mais uma demonstração de como ele anda trabalhando isso na cabeça dele.  Andando de bicicleta estávamos conversando sobre a importância de “dar a mão” na hora de atravessar a rua. Ele começou a reparar que várias pessoas não tinham crianças com elas e falou: “elas não têm crianças por que não tem a célulazinha, não é mamãe?” Mais uma vez expliquei que provavelmente elas tinham sim a célulazinha, mas que não tinham crianças ali com elas por diversos motivos (pontuamos alguns). O fato é que ele entendeu a história da FIV e da falta do óvulo! Óbviamente que não no grau de complexidade que o fato envolve, mas sabe!

Aos que leram meus posts anteriores viram que eu sempre pretendi contar ao meu filho a verdade. Tenho isso muito claro dentro de mim. Não quero viver com ele uma mentira (ou omissão da verdade) até porque a chance dele descobrir a verdade no nosso caso é muito grande! Eu e meu marido somos O+ e ele é A+. Na primeira aula de genética sobre fator sanguíneo ele ia “sacar” que tinha algo de diferente.

Não queria que sua história fosse revelada numa conversa séria durante sua adolescência. Talvez eu ainda tenha essa conversa séria, mas não como uma revelação, mas como uma explicação mais detalhada de tudo. Sendo assim, resolvi comprar livros que contassem nossa história através de personagens. No Brasil ainda não conegui um livro que trate deste assunto com crianças. Fiquei sabendo pela minha prima que mora nos EUA que lá existem diversos títulos para tratar desse assunto. Resolvi encomendar 3 para ver como eram. 

Os três tratam mais ou menos da mesma forma. São bichinhos que são felizes mas que gostariam de ter um bebê. O casal conversa entre si e diz que quer ter um bebê. O tempo passa e o bebê não vem. Eles vão ao médico e a fêmea fica muito triste ao descobrir que não tem mais a célulazinha (cada livro usa um termo diferente para o óvulo e eu, bióloga que sou, uso o termo célula). O tempo passa e ela ganha uma célula! Neste caso a forma de apresentar isso varia também. Em dois deles o óvulo vem numa caixa de presente, dizendo que foi uma moça que mandou. No terceiro livro (que meu filho mais gosta) aparece uma coelhinha cheia de coelhos pendurados dizendo que ela tem muitas dessas células e que irá dar uma para a coelhinha que não tem. Confesso que nessa hora engasgo um pouco pois aquela coelhinha me incomoda. Prefiro os que são entregues em forma de presente, pois foi assim que aconteceu comigo. Não conheci minha doadora.  O resto das histórias vocês já imaginam. O médico junta as célulaszinhas, coloca na barriga da mamãe e ela engravida (como se fosse fácil assim! Rsrs). No final todos ficam muito feizes com a chegada do bebê que foi muito desejado e é muito amado! Final Feliz!

Como eu introduzi essa história para meu filho (que atualmente está com 3 anos e meio)? Eu coloquei os três na estante de livros dele. Toda noite ele escolhe dois livros para eu ler. Ele tem alguns livros prediletos, mas sempre gosta de ler histórias novas. Um dia ele escolheu a do coelhinho e eu li. Não falei nada (acho que eu precisava também me preparar!). No dia seguinte ele pediu para ler de novo. Li e continuei sem falar. No terceiro dia eu li de novo e comentei quando aparece a coelhinha chorando que era igual a mamãe, que tinha descoberto que não tinha mais a célulazinha. No dia seguinte ele pediu de novo! Acho que ele estava precisando assimilar! Neste dia ao final do livro eu expliquei que essa história era igual a nossa e que eu o amava muito! Chorei neste dia (sem que ele percebesse).  Mais um dia e li de novo, repetindo em algumas partes que era igual a mamãe. Isso já faz uns 4 ou 5 meses. Até hoje ele pede de vez em quando para ler a história dos coelhinhos, não todo dia como ele fez nesta semana, mas diria que o livro dos coelhinhos está entre as histórias prediletas dele! Os outros dois livros eu li para ele e ele assimilou que era igual a coelhinha, mas não deu muita bola para os livros.

Acho que está sendo uma boa estratégia pois para ele isso é natural (na verdade acho que pensa que todas as crianças vez de tubos de ensaio). Aos poucos vou explicando para ele outras coisas, mas sempre que o assunto surge. Espero que dê certo!

De uma coisa eu tenho certeza! Ele se sente muito amado e isso basta!!

 

Coloco aqui as capas dos livros que comprei!
 
Este é o predileto do meu filho!

Este é o que eu acho mais fofo!!