terça-feira, 25 de agosto de 2015

Porque a genética (não) é importante!


Aos que leram os primeiros posts viram que eu cheguei a valorizar muito essa tal de genética! Mas o que é genética? Genética é a ciência que estuda a hereditariedade, assim como a estrutura e função dos genes. É através dela que podemos compreender como as características físicas e biológicas são passadas através das gerações dos seres vivos. A genética é estudada em todos os tipos de seres vivos, desde bactérias, fungos, plantas e animais (incluindo nós seres humanos!). As pesquisas realizadas nesta área tem contribuído para inúmeros avanços na área da saúde. Quando falamos em filhos, em termos biológicos, estamos falando em perpetuar a genética da espécie. Em termos de sociedade falamos em perpetuar os NOSSOS genes. 

Nossos genes são uma mistura de vários outros. Herdamos 50% da nossa carga genética de um óvulo e a outra metade de um espermatozóide. Mas essas células se formaram a partir de pessoas que receberam essas células dos seus pais (dos seus avós) e assim por diante! Um indivíduo é formado a partir da mistura de vários genes ao longo de várias gerações.  Mas ok! Agora vc é um indivíduo formado com todas as suas características físicas como a cor do seu cabelo, dos seus olhos, seu tipo de pele, o formato do seu nariz, da sua sombrancelha até dos dedos dos seus pés! Além das características físicas, temos as que não vemos como o tipo sanguíneo, predisposições a doenças etc.  Legal! Mas falta um componente: a alma e a criação. Somos o que somos em função de nossa personalidade e do ambiente onde somos criados.  Mais importante do que perpetuar a cor dos olhos ou do cabelos é perpetuar valores! Quem serão nossos filhos e não como serão!

Quais valores vamos passar aos nossos filhos e como vamos criá-los. É isso que fica para um ser. O que sou hoje vem das minhas experiências de vida e boa parte dela influenciada pelos meus pais.  Vejo isso hoje em meu filho! Ele é lindo e não se parece fisicamente comigo, mas tenho conseguido passar para ele meus valores e tenho dado oportunidade dele experimentar coisas na vida que considero importantes. E assim a vida vai se contruindo. E assim vou conseguindo passar o que considero de importante para ele! Aos seus filhos ele passará o que ele tem de valores e experiências e assim a humanidade caminha!

Muitas mulheres tem esperado muito tempo por uma ovodoadora. Espera-se alguém que tenha as mesmas características genéticas que a receptora, mas será que são necessárias quantas características semelhantes para nos tornarmos mães e pais?  

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Contando para meu filho sua história...


Outro dia precisei fazer um exame de sangue e levei meu filho comigo. Ao ver todos aqueles tubinhos de coleta de sangue ele falou: “Ela depois vai colocar na sua barriguinha?” Na hora a moça que estava coletando o sangue perguntou: “Tá achando que isso aqui é uma FIV?” Ri e expliquei a ela que provavelmente sim! Isso vem do livro que leio para ele. Expliquei para ele a diferença do exame de sangue para a FIV (de maneira simplificada é claro). Achei legal o comentário dele, pois significa que ele assimilou um pouco da idéia do livro que ele tem.
 
Hoje vi mais uma demonstração de como ele anda trabalhando isso na cabeça dele.  Andando de bicicleta estávamos conversando sobre a importância de “dar a mão” na hora de atravessar a rua. Ele começou a reparar que várias pessoas não tinham crianças com elas e falou: “elas não têm crianças por que não tem a célulazinha, não é mamãe?” Mais uma vez expliquei que provavelmente elas tinham sim a célulazinha, mas que não tinham crianças ali com elas por diversos motivos (pontuamos alguns). O fato é que ele entendeu a história da FIV e da falta do óvulo! Óbviamente que não no grau de complexidade que o fato envolve, mas sabe!

Aos que leram meus posts anteriores viram que eu sempre pretendi contar ao meu filho a verdade. Tenho isso muito claro dentro de mim. Não quero viver com ele uma mentira (ou omissão da verdade) até porque a chance dele descobrir a verdade no nosso caso é muito grande! Eu e meu marido somos O+ e ele é A+. Na primeira aula de genética sobre fator sanguíneo ele ia “sacar” que tinha algo de diferente.

Não queria que sua história fosse revelada numa conversa séria durante sua adolescência. Talvez eu ainda tenha essa conversa séria, mas não como uma revelação, mas como uma explicação mais detalhada de tudo. Sendo assim, resolvi comprar livros que contassem nossa história através de personagens. No Brasil ainda não conegui um livro que trate deste assunto com crianças. Fiquei sabendo pela minha prima que mora nos EUA que lá existem diversos títulos para tratar desse assunto. Resolvi encomendar 3 para ver como eram. 

Os três tratam mais ou menos da mesma forma. São bichinhos que são felizes mas que gostariam de ter um bebê. O casal conversa entre si e diz que quer ter um bebê. O tempo passa e o bebê não vem. Eles vão ao médico e a fêmea fica muito triste ao descobrir que não tem mais a célulazinha (cada livro usa um termo diferente para o óvulo e eu, bióloga que sou, uso o termo célula). O tempo passa e ela ganha uma célula! Neste caso a forma de apresentar isso varia também. Em dois deles o óvulo vem numa caixa de presente, dizendo que foi uma moça que mandou. No terceiro livro (que meu filho mais gosta) aparece uma coelhinha cheia de coelhos pendurados dizendo que ela tem muitas dessas células e que irá dar uma para a coelhinha que não tem. Confesso que nessa hora engasgo um pouco pois aquela coelhinha me incomoda. Prefiro os que são entregues em forma de presente, pois foi assim que aconteceu comigo. Não conheci minha doadora.  O resto das histórias vocês já imaginam. O médico junta as célulaszinhas, coloca na barriga da mamãe e ela engravida (como se fosse fácil assim! Rsrs). No final todos ficam muito feizes com a chegada do bebê que foi muito desejado e é muito amado! Final Feliz!

Como eu introduzi essa história para meu filho (que atualmente está com 3 anos e meio)? Eu coloquei os três na estante de livros dele. Toda noite ele escolhe dois livros para eu ler. Ele tem alguns livros prediletos, mas sempre gosta de ler histórias novas. Um dia ele escolheu a do coelhinho e eu li. Não falei nada (acho que eu precisava também me preparar!). No dia seguinte ele pediu para ler de novo. Li e continuei sem falar. No terceiro dia eu li de novo e comentei quando aparece a coelhinha chorando que era igual a mamãe, que tinha descoberto que não tinha mais a célulazinha. No dia seguinte ele pediu de novo! Acho que ele estava precisando assimilar! Neste dia ao final do livro eu expliquei que essa história era igual a nossa e que eu o amava muito! Chorei neste dia (sem que ele percebesse).  Mais um dia e li de novo, repetindo em algumas partes que era igual a mamãe. Isso já faz uns 4 ou 5 meses. Até hoje ele pede de vez em quando para ler a história dos coelhinhos, não todo dia como ele fez nesta semana, mas diria que o livro dos coelhinhos está entre as histórias prediletas dele! Os outros dois livros eu li para ele e ele assimilou que era igual a coelhinha, mas não deu muita bola para os livros.

Acho que está sendo uma boa estratégia pois para ele isso é natural (na verdade acho que pensa que todas as crianças vez de tubos de ensaio). Aos poucos vou explicando para ele outras coisas, mas sempre que o assunto surge. Espero que dê certo!

De uma coisa eu tenho certeza! Ele se sente muito amado e isso basta!!

 

Coloco aqui as capas dos livros que comprei!
 
Este é o predileto do meu filho!

Este é o que eu acho mais fofo!!


 

domingo, 9 de março de 2014

Normas éticas na ovodoação


Muito tempo se passou desde que li pela primeira vez na internet sobre ovodoação. Me lembro de, na época do meu diagnóstico de menopausa precoce, não encontrar nada a não ser dados de clinicas de fertilização ou sites que falavam de maneira muito direta (e fria) que mulheres com FSH alto só podem engravidar usando óvulos de outras mulheres. Aquilo não me ajudou muito, pelo contrário! Me fez entrar em desespero.  O material no Brasil ainda é escasso...
           Hoje vejo que muita coisa mudou de lá pra cá.  Quase 10 anos de passaram e, tanto a visão das pessoas, como das doadoras e até do Conselho Federal de Medicina mudou!
           Em maio de 2013 foi publicada a nova resolução do Conselho Federal de Medicina (Resolução CFM Nº 2.013/2013)  que trata das normas éticas a serem adotadas no tratamentos de reprodução assistida.  Esta resolução revogou a anterior de 2010 (Resolução CFM Nº 1.957/2010) com algumas pequenas alterações.  Na verdade a grande modificação ocorreu desta de 2010 para a primeira, que foi publicada em 1992 (Resolução CFM Nº 1.358/92). Antiga não? Pois é, em 1992 já se pensava nos aspectos éticos que envolviam esse tipo de tratamento. Na verdade nem tão antiga assim se pensarmos que o primeiro bebê de proveta nasceu em 1979.
             Preste atenção! Esta é a resolução do Conselho Federal de Medicina. Ela ORIENTA os médicos quanto às condutas a serem adotadas diante dos problemas decorrentes da prática da reprodução assistida, mas não é uma LEI! No Brasil, até o momento não há legislação específica a respeito da reprodução assistida. Existem projetos de lei que transitam no Congresso Nacional, há anos, mas nenhum deles foi para votação.
Bom, o post de hoje é para falar sobre alguns pontos relacionados a doação de gametas, que são abordados nesta última resolução do CFM.
            A grande novidade que apareceu nesta última resolução é que o Supremo Tribunal Federal reconheceu e qualificou como entidade familiar a união estável homoafetiva, permitindo, entre outras coisas, que casais homossexuais possam se submeter a tratamentos de fertilização. Outra novidade foi o estabelecimento da idade máxima de 50 anos para as candidatas à gestação. Em 2010 passaram a estabelecer o número máximo de embriões que podem ser transferidos para a paciente de uma vez. Esse número varia conforme a idade:
a) mulheres com até 35 anos: até 2 embriões;
b) mulheres entre 36 e 39 anos: até 3 embriões;
c) mulheres entre 40 e 50 anos: até 4 embriões;
d) nas situações de doação de óvulos e embriões, considera-se a idade da doadora no momento da coleta dos óvulos.
 
        Com relação aos aspectos relacionados a doação de gametas eu copio o texto na íntegra e faço alguns comentários pessoais em itálico!
IV - DOAÇÃO DE GAMETAS OU EMBRIÕES
1 - A doação nunca terá caráter lucrativo ou comercial.
      Esse é um aspecto que varia de país para país. Em alguns lugares, como os EUA, é permitida a venda de óvulos e espermatozóides. Eu particularmente sou contra a venda de gametas. Falarei sobre isso num outro post.
2 - Os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa.
      Na minha opinião isso é muito importante. Já relatei que tentei fazer ovodoação com óvulos da minha irmã e hoje acho muito bom que isso não tenha ido adiante. Acho que teríamos problemas em função das diferenças de criação de nossos filhos.
3 - A idade limite para a doação de gametas é de 35 anos para a mulher e 50 anos para o homem.
      Faz sentido, levando em consideração que os óvulos das mulheres também envelhecem, e a partir dos 35 anos podem tornar-se menos capazes de ser fertilizados pelos espermatozóides e são mais propensos a apresentar alterações genéticas.
4 - Obrigatoriamente será mantido o sigilo sobre a identidade dos doadores de gametas e embriões, bem como dos receptores. Em situações especiais, as informações sobre doadores, por motivação médica, podem ser fornecidas exclusivamente para médicos, resguardando-se a identidade civil do doador.
       Em alguns países é permitido conhecer a identidade. Mas imaginem se o doador resolve procurar e querer a participar de tudo que acontece na vida do filho genético. Passaremos a ter um filho compartilhado?
5 - As clínicas, centros ou serviços que empregam a doação devem manter, de forma permanente, um registro de dados clínicos de caráter geral, características fenotípicas e uma amostra de material celular dos doadores, de acordo com a legislação vigente.
       Fico na dúvida se isso é viável. E no caso de uma clínica fechar? Não entendo de questões jurídicas. Fico pensando se daqui a 40 anos todas essas clínicas continuarão a existir. Outra questão é o local de armazenamento. Se forem folhas estão sujeitas a um acidente como incêndio. Se estiverem na rede (internet) estão sujeitas ao ataque de raquers ou mesmo de um vírus. Será que são seguros tais locais?
6 - Na região de localização da unidade, o registro dos nascimentos evitará que um(a) doador(a) tenha produzido mais que duas gestações de crianças de sexos diferentes, numa área de um milhão de habitantes.
Faz sentido para evitar um possível encontro de irmãos genéticos. Será que a clínicas tomam este cuidado? Acho que não. Se o acompanhamento da gestação não é feito todo na clínica eles não tem como saber o sexo do bebê, muito menos se nasceu. No meu caso, eu tive “alta” da clínica com 3 meses e a partir dai fui acompanhada pela minha ginecologista. Com 3 meses só dá para saber o sexo da criança se fizer o teste de sangue (que é caro). Meu médico da clínica só soube do nascimento porque eu o procurei depois para conversar.
 
7 - A escolha dos doadores é de responsabilidade da unidade. Dentro do possível, deverá garantir que o doador tenha a maior semelhança fenotípica e imunológica e a máxima possibilidade de compatibilidade com a receptora.
       
 Vejo que muitas clinicas oferecem fotos das doadoras quando crianças, ou então fichas com as características físicas e de personalidade. Ou seja, quem escolhe é o receptor no caso de uma doação compartilhada.  
8- Não será permitido ao médico responsável pelas clínicas, unidades ou serviços, nem aos integrantes da equipe multidisciplinar que nelas prestam serviços, participarem como doadores nos programas de RA.
      Parece razoável! É só lembrar daquela novela que a secretária doa seus óvulos e a médica fertiliza com os espermatozóides do irmão dela que morreu e era namorado da secretária. Quando ela descobre, resolve ir atrás do filho. E assim segue a novela!
9 - É permitida a doação voluntária de gametas, bem como a situação identificada como doação compartilhada de oócitos em RA, onde doadora e receptora, participando como portadoras de problemas de reprodução, compartilham tanto do material biológico quanto dos custos financeiros que envolvem o procedimento de RA. A doadora tem preferência sobre o material biológico que será produzido.
       Essa foi uma novidade na resolução. Já era uma prática nas clínicas. O problema é que, neste caso, a receptora paga um custo muito alto pelo tratamento. Acho injusto a forma como as clinicas conduzem isso, pois, desta forma, a receptora paga o pacote dela todo e mais, parte ou todo, o tratamento da doadora. Só que neste caso a doadora é quem passa por um processo maior, pois envolve o acompanhamento e aspiração dos óvulos. A receptora só faz um acompanhamento para sincronizar o ciclo. Neste caso eu acho que o valor do tratamento da receptora deveria ser menor e assim ela pudesse arcar também com os custos da doadora.
        Taí um bom tema para um outro post também...
 
        E você? O que acha desta última resolução do CRM? Quais aspectos você acha que deveriam ser tratados numa lei brasileira sobre doação de gametas?
Caso queira ler as Resoluções na íntegra é só clicar!

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Obrigada doadora.

Muita gente ainda estranha quando você diz que seu filho vem de um óvulo de uma outra pessoa. Eu mesma estranhei por muito tempo quando me disseram que só poderia ter filhos através da ovodoação. Como assim? Terei um filho de uma outra mulher? Estarei traindo meu marido?  Ou meu marido estará me traindo comigo mesma? Muito louco esse mundo de hoje! Quando falo sobre ovodoação com as outras pessoas a primeira reação é: Ah! Entao ele não é seu filho? Ou Ah! Então ele é filho de outra mulher? NÃO! ELE É MEU FILHO! (as pessoas falam muito sem pensar antes!) Como não seria meu filho? Eu gerei ele! Eu nutri e dei todos os elementos necessários para que ele se desenvolvesse, eu senti ele se mexer dentro de mim, eu amamentei ele e principalmente: EU DEI AMOR! E EU FAÇO MEU PAPEL DE MÃE!
Antes que você me pergunte se eu saio falando para todo mundo que meu filho veio de um processo de Inseminação Artificial com Ovodoação eu te respondo que não.  Mas sim, hoje em dia eu me sinto muito mais a vontade para falar sobre isso. Antes, quando ia fazer um exame médico e precisava dizer a data da última menstruação, eu tinha vergonha de dizer que não menstruava mais. Ou dizia que era dia 1 de abril (rsrs) ou chorava e acabava dizendo a verdade. O fato é ( eu achava) que as pessoas me olhavam meio estranho quando eu dizia isso. A segunda pergunta era: mas qual a sua idade? Tão jovem não é? Hoje quando não estou com saco, e acho que a informação não é tão importante, eu continuo dizendo 1 de abril! Pelo menos só está atrasado no máximo 11 meses e não 7 anos!  Mas na maioria das vezes eu digo: não menstruo mais! Como geralmente meu pequeno está comigo vem a pergunta: mas como engravidou? Por ovodoação! Ponto final!
Bom já escrevi um monte de coisa e ainda não falei o que queria. O post de hoje é para falar desta relação doadora e receptora. Sou extremamente grata pela minha doadora! Sem ela não poderia ter realizado este sonho da maternidade. MUITO OBRIGADA MESMO! Agora repare que escrevi que minha gratidão é imensa mas não eterna. Poderia ter escrito que sou eternamente grata a ela (e realmente sou).  Se você, leitora, é uma doadora fique sabendo que, através deste gesto tão maravilhoso,  fez com que o meu maior desejo se realizasse. Geralmente doadoras de óvulos também estão fazendo tratamento para engravidar e entendem esse desejo e a frustração. É realmente incrível você poder contar com a generosidade dos outros. Mas o que quero colocar aqui é que esta relação acabou no momento da minha gravidez. A partir deste momento sou eu quem toco tudo! Pode parecer que sou fria ou ingrata, mas não é esta impressão que quero deixar. Quero colocar para vocês é que a doadora não fica participando da minha vida (em forma de pensamento).  Obrigada e ponto final.  
Por que disso tudo? Passou pela minha cabeça que eu iria olhar para meu filho e iria ver traços da minha doadora. Quais traços se não tenho a menor idéia de como ela é? Meu filho se parece com meu marido! Não tem nada de parecido comigo. Nossa! Quantas crianças são a cara do pai ou não se parecem com nenhum dos dois? Sim! Tem muitos que são uma mistura da mãe e do pai ou são a cara da mãe, mas tem os outros casos também. Engraçado que as pessoas me pedem desculpas e falam que ele é a cara do pai. Eu fico tão feliz!!!
Já contei em outro post que cheguei a tentar com óvulos das minhas irmãs. Pois é... Hoje acho que foi melhor não ter dado certo. Acho que seria estranho minha irmã vendo eu lhe dar com meu filho. Cada um tem sua maneira de criar seus filhos e age como se a sua forma de criação fosse melhor que a dos outros. Fico pensando como seria num momento de divergência deste tipo, se haveria alguma discussão. Sempre conversamos sobre isso, mas uma coisa é falar, outra é a prática.  Hoje em dia sou uma defensora da total falta de conhecimento da doadora. Se quer alguém com suas características confie no seu médico. Sei lá... Acho que seria estranho para mim saber algo mais da minha doadora. Não tenho a menor vontade de ver foto de quando ela era criança ou como ela é hoje. Não me interessa saber qual a sua religião ou sua profissão. Não faz diferença! Qualquer tipo de conhecimento me faria procurar caracteristicas nele que seria dela (eu acho). Posso (e devo) estar errada! Mas acho que quanto menos coisa souber da doadora menor será meu vínculo com ela. Muitas clínicas oferecem um minicurrículo com fotos da doadora quando criança. Isso porque, neste caso, são doações compartilhadas. Ou seja, a receptora ajuda com parte ou total  dos custos do tratamento das duas. Neste caso, metade dos óvulos vai para a doadora e metade para a receptora.  Não recrimino esta prática, mas acho meio estranho ficar escolhendo quem vai me doar os ovulos.  Bom, eu falo isso hoje com meu filhote já nos braços, mas não pensei sempre assim.
Conversei muito sobre o tipo de características que achava que ele deveria procurar numa doadora. No meu caso, insisti que queria uma doação por doação. Sem troca de favores. No final das contas meu filho nasceu com muitas características do meu marido ( e nenhuma minha) mas com sangue A+. Eu e meu marido somos O+. Para aqueles que não tiveram aula de biologia, O é recessivo e, portanto, pais com tipo O só podem gerar filhos com tipo O. Putz! Que furo do médico! Talvez... Chorei, fiquei danada com ele, disse que ia processar... Mas meus sábios pais me alertaram. Não deixe que isso estrague este momento tão especial e bonito que é o nascimento do seu filho. Resolvi aproveitar o momento. O tempo passou e isso ficou pequeno e o amor por ele tão grande! Não importa! Não faz diferença! A, B, O, loiro, moreno, ruivo... Alí está o meu maior amor! E que amor!
Um dia passei em frente da clinica com meu filhote (na época com uns 3 a 4 meses) e resolvi entrar para falar com o médico. Comentei sobre o fator sanguíneo (não mais como uma reclamação, mas uma constatação e tentando entender porque não tinha tomado este “cuidado”) sua resposta foi objetiva e clara. Resolvemos dar preferência a qualidade dos óvulos, já que tinham sido muitas tentativas sem sucesso. O fato é que nunca me senti explorada lá. Não sei se foi uma falta de atenção, erro, sei lá... Não me importa, não quero saber! O que eu queria mesmo eu consegui! Engravidar e ser mãe! Estou muito feliz! A única coisa de diferente é que agora tenho certeza que irei contar para ele sobre a forma como ele chegou a este mundo. Se me preocupo com isso, não! Mas isso é assunto para outro post!!

terça-feira, 2 de julho de 2013

Aceitando a idéia de ovodoação


Como bióloga, sempre estudei e achei lindo a genética! Talvez muito influenciada pela minha avó materna. Não porque ela me incentivou nos estudos, mas porque sempre fui muito parecida fisicamente com ela. Aliás, eu e minha irmã mais nova. Se pegarmos fotos da minha vó quando criança podemos dizer que somos nós! Sendo assim, eu sempre brinco com minha avó dizendo o quanto é bom saber que vou continuar linda quando ficar mais velha! Modesta eu? Talvez não! Mas o comentário é para elogiar ela mesmo!
Bom, com essa genética tão forte em minha vida, como aceitar ter um filho que não tenha a minha genética? Afinal nos perpetuamos no tempo través dela! Será? As pessoas são lembradas na história pelo que fizeram e não pelos seus cromossomos!
Difícil decisão! Então por que não ficar tudo em família? Será que minhas irmãs aceitariam me dar alguns óvulos delas? Assim eu ainda teria a chance de manter minha genética (ou algo próximo)! Esses meus dois amores não tiveram a menor dúvida em aceitar! Tivemos muitas conversas, conversas sérias, cartas na mesa, perguntas. Mas sempre na certeza que estariamos fazendo a coisa certa. Encontramos um médico que aceitasse a nossa proposta (na época não havia nenhuma recomendação do Conselho Federal de Medicina –vou falar sobre isso num outro post)  e fomos em frente!
Minha irmã mais nova começou as induções e para a surpresa dela não produziu muitos óvulos. Como ela ainda não tinha filhos, resolvemos guardá-los. Mais uma indução sem sucesso e nada! Depois dessa, ela resolveu tentar ter filhos. A menopausa precoce pode ser genética e na minha famíla sabemos de casos que confirmam isso! Apesar de todas já terem filhos! Para nossa alegria ela engravidou logo e teve uma linda menina!! Chegou a vez da minha irmã mais velha... A mesma coisa! Sem sucesso. Neste processo se passou 1 ano e meio e o suficiente para eu amadurecer a questão de receber um óvulo cuja genética era desconhecida.  Afinal o desejo de ter um filho e engravidar era muito grande!
Muitas conversas com o médico sobre as características que considerávamos importantes! Ele era um bom ouvinte! Meu biotipo é comum, então não seria difícil achar alguém com minhas características. Mas ainda assim era importante (pra mim) que achasse alguém parecida comigo!!
Primeira tentativa, segunda tentativa, terceira tentativa, quarta tentativa, quinta tentativa... Socorro!! Será que nunca dará certo para mim? Em todos os casos os embriões eram de “baixa qualidade”. Mas por que? Afinal as doadoras tinham “bons embriões” e engravidavam. Os resultados do meu marido mostravam que os espermatózóides estavam ok! Mesmo assim o médico recomendou um antibiótico e vitaminas para tomar um tempo antes da coleta. Não aguentava mais esse sofrimento todo! Afinal a vida meio que pára durante este processo!
Sexta tentativa: três embriões, dois “ruins” e um “mais ou menos”. Bom, vamos implantá-los então! Não vou criar expectativas. São 11 dias até o exame de sangue. Neste dia fui ao laboratório e coletei o sangue. Depois segui para o batizado da minha sobrinha. Neste dia comecei a sentir cheiros! Era algo mais forte! Isso é besteira! Não pense que vai dar positivo!
Segui para casa e de noite abri o resultado só por abrir. Já conhecia  aquele negativo. O que?  Hormônio Gonadotrófico Corionico (HCG) – 158 mUI/ml. Tem um número!!!!!!!!!!!!!! A partir daí fiquei chorando por um bom tempo. Meu marido veio me consolar e eu não conseguia explicar que o choro era de alegria, pois era um choro nervoso de quem não acreditava. Liguei para mãe, irmãs e a mesma coisa! Custaram a ententer que era alegria!!!! Tem um bebê dentro de mim!
Em conversas sobre medo de não gostar do filho ou rejeitá-lo com meu médico ele disse que no momento em que visse ele sair da minha barriga eu iria me apaixonr por ele. Não foi assim...
Minha primeira ultra foi com 5 semanas. É um momento tenso! A ultra serve para ver se o embrião se desenvolveu e se o coração começou a bater. Ou seja, se a gravidez foi adiante. Ai! Tomara que esteja tudo bem!
No momento que ligou o monitor da ultra eu percebi que estava grávida mesmo. Aquela imagem eu nunca tinha visto (e olha que eu só tinha visto o endométrio). De repente aparece uma cosinha, sem forma, com uma luzinha piscando rapidamente no meio. Era ele! Ohhhhhh! Me apaixonei (e chorei é claro!)!!! O médico ligou o som e ouvimos os batimentos (chchchuchchcuchchcu...) e o meu coração rapidamente acelerou também! Saí da ultra dizendo ao meu médico que não precisaria esperar o nescimento dele pra me apaixonar. Já tinha gamado!
Na segunda ultra ele já tinha forma de gente! Braços, pernas, tronco e cabeça! Meu filho!!! Me apaixonei ainda mais! A cada ultra me apaixonava mais (mesmo achando que isso não era possível).
Nasceu! O amor multiplicou várias vezes! Hoje ele está com 1 ano e meio e, não sei como, o amor continua aumentando! Não que eu amasse ele pouco antes, mas é que amor de mãe vai aumentanto mesmo!  
 
Ao infinito e além!
 

terça-feira, 18 de junho de 2013

O começo de tudo!


Em 2004 fui aprovada num concurso e, na admissão, tive que fazer uma bateria de exames. Aproveitando o bonde, minha médica pediu outros exames de rotina que não estavam listados. Fiz tudo e, como sempre, fui olhar o resultado na internet. Quem não quer saber se está tudo ok com você? Fui olhar o exame e já era tarde da noite. Para minha surpresa dois exames tinham dado alteração: FSH e LH! Não me lembro dos valores, mas me lembro de ter dado valores bem discrepantes. Se o valor máximo para o FSH era 20 o meu era 80! Logo busquei informações na internet. Resultado? Desespero total! Naquela época eu já estava deixando rolar uma possível gravidez. Na época eu tinha 27 anos.

Na internet encontrei informações sobre falência ovariana precoce ou menopausa precoce. As páginas diziam: mulheres que entram na menopausa precocemente não conseguem engravidar, pois não possuem mais óvulos. Como assim? Eu sempre quis ser mãe!! Isso não podia estar acontecendo comigo!!!! Minha angústia foi tanta que, já de noite, comecei a ligar para o consultório da minha médica para marcar uma consulta. Não dormi e liguei a madrugada inteira para lá, na inútil esperança de me atenderem! Logo no início da manhã recebi uma ligação da secretária da minha médica preocupada comigo, pois havia mais de 30 ligações minha! Fiquei com vergonha! Quem ia imaginar que eles tinha bina... Bom consulta marcada para de tarde, mas a manhã não me confortou. Acabei chamando minha mãe para conversar. Pensamento confuso e desesperado.

Na época namorava meu marido há 3 anos e, como disse, estava em nossos planos ter filhos. Me lembro que, logo no começo do nosso namoro, falamos sobre projetos e o dele era ter filhos nos próximos anos... O meu também, mas na época pensava mais a longo prazo, mas isso mudou em pouco tempo. Então! Meu pensamento era que então ele não ia mais querer ficar comigo, afinal não poderia ter filhos! Quem ia querer ficar com uma mulher que não pode ter filhos? Chorei, chorei, chorei, chorei... Fui à consulta. Minha médica disse para eu não me preocupar. O Exame deve estar errado! Refiz. Deu mais alto o FSH! Voltei na consulta e ela disse ter “estudado” meu caso! Ufa! Que alívio! Ela vai me trazer uma solução! Comecei a tomar cicloprimogyna e depois Clomid, junto com ultrasonografia seriada. Realmente Clomid é recomendado para “Tratamento da infertilidade" feminina decorrente de anovulação”, mas a bula de hoje não traz uma informação que achei importante na época que dizia sobre a relação entre FSH e LH, que não se aplicava ao meu caso. Mas vamos lá! Minha médica estudou meu caso! As ultras eram um desastre. Cada dia fazia com um e todos diziam a mesma coisa: você tem um ovário tão pequenininho! Não tem nenhum óvulo aqui! Você tem algum problema? Saia chorando sempre das ultras! Realmente tenho um problema!!! E minha médica não está resolvendo! Desisti dela e fui para outra. Vamos com calma! Disse a nova médica. Vamos investigar. Exames, exames e mais exames. E minha solução?

Resolvi ir na médica da minha irmã (minha atual médica). Ela viu meus exames e me examinou. Disse: é muito estranho! Seus exames sanguíneos indicam falência ovariana precoce, mas seu exame físico mostra outra coisa. Você apresenta uma secreção de quem está ovulando! Mas não vamos perder mais tempo! Vou te indicar para um médico especialista em reprodução humana. Já tinham se passado mais de 4 anos de muito estresse e tentativas! Fui no médico com meu marido e ele olhou os exames e disse: é, no seu caso, só com doação de óvulos mesmo. Como assim? Não tem outra forma? Com doação não quero! Não será meu filho! Fui embora chorando como sempre.

Mais um ano se passou e minha mãe me convenceu a ir num outro médico. Ele viu meus exames e conversamos muito, me explicou tudo e disse que uma das saídas era a ovodoação sim, mas que poderíamos tentar antes fazer uma indução em mim. Ele me conquistou!

Conclusão deste post! A incompetência médica é fogo! Estive cercada de médicos que diziam estudar meu caso e nada... Médicos sem sensibilidade para tratar pacientes e dar resultados delicados. Perdi 8 anos da minha vida tentando engravidar por conta própria, mas com orientação médica, mesmo tendo o diagnóstico de falência ovariana precoce. Acho que se eu tivesse logo procurado um médico especialista quando recebi o diagnóstico poderia ter conseguido algum óvulo meu. Mas aí não seria o filho que hoje eu tenho e amo tanto! Seria outro que eu iria amar igual, mas é ele quem eu conheço e sou apaixonada! Obrigada a minha doadora!

Depois eu venho contar como foi essa transição do pensamento de não querer uma doadora até aceitar este fato!

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Meu primeiro post!

Olá a tod@s!
Há muito tempo queria criar um espaço para colocar e discutir a maternidade através de ovodoação. O tempo passou e não arrumava tempo para isso. Realmente cuidar de um bebê toma muito tempo e energia!
O pontapé inicial veio da descoberta que minha prima está passando pela mesma coisa que eu e mês que vem vai tentar a primeira FIV com óvulos doados. Percebo que toda a angústia, medo, raiva, tristeza etc. são parecidas, vividas com intensidades diferentes em cada uma, mas estão presentes nesse momento de transição do tratamento. Uma questão interessante que ela colocou e me incomodou nesses 7 anos tentando engravidar é a vida se estagnar e girar em torno de uma possível gravidez!
Dizem que gravidez não é doença! E não é mesmo! É o oposto, é Vida é energia! No entanto, quando você está grávida, principalmente no primeiro trimestre, é aconselhável algumas restrições. Neste período não é aconselhável a você "pegar pesado nos exercícios" por exemplo. Além disso, grávida passa a ter muitas restrições aos remédios! Me lembro uma época que todo mundo tomou remédio de verme aqui em casa. O remédio que eles tomaram dizia na bula: "não deve ser administrado durante a gravidez, ou em mulheres que estão planejando engravidar". Vocês podem pensar: que ridículo! Achar que vai parar a vida por causa de um remédio de verme! Não é o remédio, mas as pequenas coisas que nos privamos pensando que amanhã poderemos estar grávidas! Planejar a longo prazo então!!! Quero viajar no carnaval do ano que vem! Putz! Mas se eu engravidar nesse mês vou estar quase parindo nessa época. Não posso! Realmente não é simples! A vida passa girar em torno de uma possível gravidez que nunca acontece!
Bom não vou me alongar muito! Este é o meu primeiro post e a primeira vez que escrevo para alguém ler! Espero neste blog colocar informações sobre o processo biológico, psicológico, econômico entre outros da ovodoação. Vou escrever sobre como me senti desde o dia que recebi a notícia da menopausa aos 27 anos e como me tornei uma mãe totalmente apaixonada pelo meu filhote! Gostaria de receber relatos de outras mães ou aspirantes a mãe para que a gente perceba que não estamos sozinhas nesse mundo e que nossas angústias são parecidas.
Espero que gostem!
 
P.S.: O nome do blog vem de um fórum que participei na época em que estava tentando engravidar e achava que ninguém me entendia. Lá me senti confortável para falar o que pensava e encontrar pessoas na mesma situação que a minha. Não fui eu quem deu o nome do fórum, mas adorei a proposta, então resolvi usá-lo aqui. A quem interessar: http://www.e-familynet.com/phpbb/mamaes-atraves-de-ovodoacao-parte-iii-t712747.html. Já estamos na parte 3!