Em 2004 fui aprovada num concurso
e, na admissão, tive que fazer uma bateria de exames. Aproveitando o bonde,
minha médica pediu outros exames de rotina que não estavam listados. Fiz tudo e,
como sempre, fui olhar o resultado na internet. Quem não quer saber se está
tudo ok com você? Fui olhar o exame e já era tarde da noite. Para minha
surpresa dois exames tinham dado alteração: FSH e LH! Não me lembro dos
valores, mas me lembro de ter dado valores bem discrepantes. Se o valor máximo
para o FSH era 20 o meu era 80! Logo busquei informações na internet.
Resultado? Desespero total! Naquela época eu já estava deixando rolar uma
possível gravidez. Na época eu tinha 27 anos.
Na internet encontrei informações
sobre falência ovariana precoce ou menopausa precoce. As páginas diziam:
mulheres que entram na menopausa precocemente não conseguem engravidar, pois
não possuem mais óvulos. Como assim? Eu sempre quis ser mãe!! Isso não podia
estar acontecendo comigo!!!! Minha angústia foi tanta que, já de noite, comecei
a ligar para o consultório da minha médica para marcar uma consulta. Não dormi
e liguei a madrugada inteira para lá, na inútil esperança de me atenderem! Logo
no início da manhã recebi uma ligação da secretária da minha médica preocupada
comigo, pois havia mais de 30 ligações minha! Fiquei com vergonha! Quem ia
imaginar que eles tinha bina... Bom consulta marcada para de tarde, mas a manhã
não me confortou. Acabei chamando minha mãe para conversar. Pensamento confuso
e desesperado.
Na época namorava meu marido há 3
anos e, como disse, estava em nossos planos ter filhos. Me lembro que, logo no
começo do nosso namoro, falamos sobre projetos e o dele era ter filhos nos
próximos anos... O meu também, mas na época pensava mais a longo prazo, mas
isso mudou em pouco tempo. Então! Meu pensamento era que então ele não ia mais
querer ficar comigo, afinal não poderia ter filhos! Quem ia querer ficar com
uma mulher que não pode ter filhos? Chorei, chorei, chorei, chorei... Fui à
consulta. Minha médica disse para eu não me preocupar. O Exame deve estar
errado! Refiz. Deu mais alto o FSH! Voltei na consulta e ela disse ter “estudado”
meu caso! Ufa! Que alívio! Ela vai me trazer uma solução! Comecei a tomar
cicloprimogyna e depois Clomid, junto com ultrasonografia seriada. Realmente
Clomid é recomendado para “Tratamento da infertilidade" feminina decorrente de anovulação”,
mas a bula de hoje não traz uma informação que achei importante na época que
dizia sobre a relação entre FSH e LH, que não se aplicava ao meu caso. Mas
vamos lá! Minha médica estudou meu caso! As ultras eram um desastre. Cada dia
fazia com um e todos diziam a mesma coisa: você tem um ovário tão pequenininho!
Não tem nenhum óvulo aqui! Você tem algum problema? Saia chorando sempre das
ultras! Realmente tenho um problema!!! E minha médica não está resolvendo!
Desisti dela e fui para outra. Vamos com calma! Disse a nova médica. Vamos
investigar. Exames, exames e mais exames. E minha solução?
Resolvi ir na médica da minha irmã (minha atual médica). Ela viu meus
exames e me examinou. Disse: é muito estranho! Seus exames sanguíneos indicam
falência ovariana precoce, mas seu exame físico mostra outra coisa. Você
apresenta uma secreção de quem está ovulando! Mas não vamos perder mais tempo!
Vou te indicar para um médico especialista em reprodução humana. Já tinham se
passado mais de 4 anos de muito estresse e tentativas! Fui no médico com meu
marido e ele olhou os exames e disse: é, no seu caso, só com doação de óvulos
mesmo. Como assim? Não
tem outra forma? Com doação não quero! Não será meu filho! Fui embora chorando
como sempre.
Mais um ano se passou e minha mãe
me convenceu a ir num outro médico. Ele viu meus exames e conversamos muito, me
explicou tudo e disse que uma das saídas era a ovodoação sim, mas que poderíamos
tentar antes fazer uma indução em mim. Ele me conquistou!
Conclusão deste post! A
incompetência médica é fogo! Estive cercada de médicos que diziam estudar meu
caso e nada... Médicos sem sensibilidade para tratar pacientes e dar resultados
delicados. Perdi 8 anos da minha vida tentando engravidar por conta própria, mas
com orientação médica, mesmo tendo o diagnóstico de falência ovariana precoce.
Acho que se eu tivesse logo procurado um médico especialista quando recebi o diagnóstico
poderia ter conseguido algum óvulo meu. Mas aí não seria o filho que hoje eu
tenho e amo tanto! Seria outro que eu iria amar igual, mas é ele quem eu
conheço e sou apaixonada! Obrigada a minha doadora!
Depois eu venho contar como foi
essa transição do pensamento de não querer uma doadora até aceitar este fato!