terça-feira, 18 de junho de 2013

O começo de tudo!


Em 2004 fui aprovada num concurso e, na admissão, tive que fazer uma bateria de exames. Aproveitando o bonde, minha médica pediu outros exames de rotina que não estavam listados. Fiz tudo e, como sempre, fui olhar o resultado na internet. Quem não quer saber se está tudo ok com você? Fui olhar o exame e já era tarde da noite. Para minha surpresa dois exames tinham dado alteração: FSH e LH! Não me lembro dos valores, mas me lembro de ter dado valores bem discrepantes. Se o valor máximo para o FSH era 20 o meu era 80! Logo busquei informações na internet. Resultado? Desespero total! Naquela época eu já estava deixando rolar uma possível gravidez. Na época eu tinha 27 anos.

Na internet encontrei informações sobre falência ovariana precoce ou menopausa precoce. As páginas diziam: mulheres que entram na menopausa precocemente não conseguem engravidar, pois não possuem mais óvulos. Como assim? Eu sempre quis ser mãe!! Isso não podia estar acontecendo comigo!!!! Minha angústia foi tanta que, já de noite, comecei a ligar para o consultório da minha médica para marcar uma consulta. Não dormi e liguei a madrugada inteira para lá, na inútil esperança de me atenderem! Logo no início da manhã recebi uma ligação da secretária da minha médica preocupada comigo, pois havia mais de 30 ligações minha! Fiquei com vergonha! Quem ia imaginar que eles tinha bina... Bom consulta marcada para de tarde, mas a manhã não me confortou. Acabei chamando minha mãe para conversar. Pensamento confuso e desesperado.

Na época namorava meu marido há 3 anos e, como disse, estava em nossos planos ter filhos. Me lembro que, logo no começo do nosso namoro, falamos sobre projetos e o dele era ter filhos nos próximos anos... O meu também, mas na época pensava mais a longo prazo, mas isso mudou em pouco tempo. Então! Meu pensamento era que então ele não ia mais querer ficar comigo, afinal não poderia ter filhos! Quem ia querer ficar com uma mulher que não pode ter filhos? Chorei, chorei, chorei, chorei... Fui à consulta. Minha médica disse para eu não me preocupar. O Exame deve estar errado! Refiz. Deu mais alto o FSH! Voltei na consulta e ela disse ter “estudado” meu caso! Ufa! Que alívio! Ela vai me trazer uma solução! Comecei a tomar cicloprimogyna e depois Clomid, junto com ultrasonografia seriada. Realmente Clomid é recomendado para “Tratamento da infertilidade" feminina decorrente de anovulação”, mas a bula de hoje não traz uma informação que achei importante na época que dizia sobre a relação entre FSH e LH, que não se aplicava ao meu caso. Mas vamos lá! Minha médica estudou meu caso! As ultras eram um desastre. Cada dia fazia com um e todos diziam a mesma coisa: você tem um ovário tão pequenininho! Não tem nenhum óvulo aqui! Você tem algum problema? Saia chorando sempre das ultras! Realmente tenho um problema!!! E minha médica não está resolvendo! Desisti dela e fui para outra. Vamos com calma! Disse a nova médica. Vamos investigar. Exames, exames e mais exames. E minha solução?

Resolvi ir na médica da minha irmã (minha atual médica). Ela viu meus exames e me examinou. Disse: é muito estranho! Seus exames sanguíneos indicam falência ovariana precoce, mas seu exame físico mostra outra coisa. Você apresenta uma secreção de quem está ovulando! Mas não vamos perder mais tempo! Vou te indicar para um médico especialista em reprodução humana. Já tinham se passado mais de 4 anos de muito estresse e tentativas! Fui no médico com meu marido e ele olhou os exames e disse: é, no seu caso, só com doação de óvulos mesmo. Como assim? Não tem outra forma? Com doação não quero! Não será meu filho! Fui embora chorando como sempre.

Mais um ano se passou e minha mãe me convenceu a ir num outro médico. Ele viu meus exames e conversamos muito, me explicou tudo e disse que uma das saídas era a ovodoação sim, mas que poderíamos tentar antes fazer uma indução em mim. Ele me conquistou!

Conclusão deste post! A incompetência médica é fogo! Estive cercada de médicos que diziam estudar meu caso e nada... Médicos sem sensibilidade para tratar pacientes e dar resultados delicados. Perdi 8 anos da minha vida tentando engravidar por conta própria, mas com orientação médica, mesmo tendo o diagnóstico de falência ovariana precoce. Acho que se eu tivesse logo procurado um médico especialista quando recebi o diagnóstico poderia ter conseguido algum óvulo meu. Mas aí não seria o filho que hoje eu tenho e amo tanto! Seria outro que eu iria amar igual, mas é ele quem eu conheço e sou apaixonada! Obrigada a minha doadora!

Depois eu venho contar como foi essa transição do pensamento de não querer uma doadora até aceitar este fato!

14 comentários:

  1. Cara amiga, em primeiro lugar quero te agradecer pelo blog. Tenho certeza que ele vai ajudar muitas mulheres. Tenho menopausa precoce e nao poderei ter filho bio. Descobri isso em 2011. ... Ainda nao decidi se farei ovodoacao, pois me pergunto como contarei ao meu filho sobre sua origem e como contarei a minha familia. Como vc lidou com estas questoes? Paraben pelo seu filho!!!

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    1. Querida amiga,
      Quando estava me submetendo ao processo eu achava que nunca ia contar ao meu filho sobre a ovodoação, mas hoje, encaro isso de forma diferente. Vou contar sim a ele, pois acho que uma relação de mãe e filho deve ser baseada em verdades. Encaro a origem dele como o momento em eu ele começou a se desenvolver em minha barriga. Sem isso, ele não se desenvolveria. Sem meu sangue ele não cresceria!
      Pretendo tratar isso de forma natural e não como um segredo. O uso de livros de história ajudam muito! Ainda estou trabalhando isso. Ele só tem 1 ano e meio.
      Com relação a minha família, meus pais e irmãos sabem, mas o restante não. Não vi necessidade em comunicar isso a eles. Quando eles me falam: nossa mas ele é a cara do pai! Não tem nada seu! Eu rio e digo: É! Geneticamente não tem nada! Realmente puxou ao pai! (Não estou mentindo!)
      Se um dia ficarem sabendo, provavelmente vão fofocar entre si, mas pouco me importa! Ele é meu filho! E foi assim que consegui ser mãe!

      Acho que a decisão deve partir do que você sente em relação a isso. Realmente existem diversas formas de ser mãe, como por exemplo adotar uma criança! No meu caso eu precisava passar pela gestação! Sempre quis isso! Então ganhar uma célula para conseguir isso foi necessário.
      O importante é ter isso bem resolvido dentro de você! Boa sorte em sua decisão! O diagnóstico é frustrante, então levante a cabeça, respire e pense no que é melhor para você!

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  2. Concordo que nossos filhos tenham que saber a verdade. Quanto a familia, pais e irmaos ja sabem que filhos soh atraves de ovodoacao. Estao um pouco surpresos (assim como eu) mas acho que logo se acostumam. Obrigada.

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  3. Com certeza irão se acostumar!
    Impossível não amar uma bebê que foi desejado!

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  4. Olá, Renata!
    Parabéns pelo seu canal de comunicação; suas palavras estão um instrumento de Deus para me deixar melhor.
    Tenho 34 anos e fui diagnosticada com menopausa precoce. Estou bem apavorada, pois a notícia veio justamente quando eu parei o anticoncepcional e pretendia engravidar. E pelo que entendi, o quadro de menopausa já fazia algum tempo (isso pelo resultado dos exames: FSH, LH e estrôgeno), mas os sintomas só percebi quando parei e fiz os exames de sangue. O FSH deu em torno de 120. Tou esperando o antimulheriano, mas o médico já adiantou que independente do resultado, já não tenho mais óvulos. Só choro com a notícia... Há 5 anos fiz cirurgia de cisto no ovário e foi retirado um ovário, daí por diante tomava anticoncepcional direto, sem pausa... orientação do médico da época para preservar o ovário que ficou. Também me foi dito que iria entrar na menopausa mais cedo, mas que seria mesmo só depois dos 40 e que a retirada de um ovário não me impediria de engravidar...
    Enfim, segunda fui ao médico levar novos exames e o diagnóstico de menopausa se confirmou... Comecei ontem a reposição hormonal (livial). Vou voltar no médico semana que vem, mas pelo que vi na cartela são 28 comprimidos e pelo que entendi vou tomar sem pausa. Assim, acho que não virá a menstruação “artificial”. A outra opção pra começar era o remédio qlaira, como esse é anticoncepcional, talvez tivesse a pausa.
    No momento, o médico disse que eu tenho que me acalmar e digerir a notícia para daqui a uns 2 meses pensar na opção que me resta para sr mãe, que é a doação de óvulos. E foi buscando informações sobre o assunto que descobri o seu blog.
    Também estou apavorada com as consequências na menopausa precoce, como p. ex. a minha qualidade de vida; se vou ter osteoporose e outras complicações. O médico me disse que quanto a isso não preocupasse, porque com a reposição hormonal nada mudaria, e que os sintomas incômodos que venho sentindo melhorariam. Mas não é isso que leio... O que você sentiu? Algo mudou com o tempo?
    Qualquer informação sua vale ouro...
    Att Sara

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  5. Querida Sara,
    Esse momento da descoberta e leitura na internet é desesperador e frio. As informações são muito complexas e simples ao mesmo tempo. Complexas pela linguagem científica e simples pelo resumo que são. Me lembro de ler: "mulheres em menopausa precoce só podem engravidar com óvulos doados (ponto final)". Como assim? E toda a parte emocional como fica? É normal chorar. Chore! Faz parte. É um susto e mexe com nossa feminilidade. Mas enquanto chorar comece a digerir essa (sua) história. O seu mundo não acabou, nem a sua saúde. Acredite (apesar de ser difícil)!
    Concordo com seu médico. Dê um tempo para isso tudo. Se você achar que a maternidade é algo muito importante para você siga a diante com seus pensamentos. Se a gravidez é algo também importante para você, comece a pensar, sim, na possibilidade de ovodoação. Te digo. Amo ser mãe e Amo meu filho mais que qualquer coisa. Fora esse blog, eu não costumo ficar pensando no processo que trouxe ele até mim. É maravilhoso!!!
    Com relação às consequências, eu senti todos os calores da menopausa e insônia. Passaram. Eu não faço reposição hormonal e nem posso no momento (em função de microcistos no seio que estou acompanhando no momento), mas não sinto falta. Osteoporose, por acaso, fiz um exame para isso hoje. Mas porque sinto dores na articulação. Não sei te dizer se isto está relacionado com a menopausa... minha médica diz que não. Mas sim ela indicou que devo ficar de olho. Apesar de não trazer só coisas boas espero confortar um pouco esse coração aflito!
    Conte comigo!
    Um abraço carinhoso
    Renata

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  6. Obrigada pelo seu depoimento... Sempre que leio o seu blog me sinto melhor...
    Esta semana voltarei ao médico e também marquei com outra ginecologista só pra ouvir uma segunda opinião; apensar de saber do diagnóstico preciso e dos dias que se passam sem menstruação.
    Fico muuito feliz pela sua realização com o seu filhinho! Vejo o seu relato de maternidade como uma possibilidade para mim também.
    Grande abraço...
    Sara

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  7. Eu tbm estou na mesma situação, tenho 32 anos, e fui diagnosticada com baixa reserva ovariana, além de ter endometriose tbm, a mais de 4 anos tentava engravidar novamente, já que eu tenho um filho de 15 anos, neste período engravidei uma única vez, foi naturalmente mais aos 6 meses tive que fazer um parto prematuro, pois minha filha estava com restrição de crescimento, ela nasceu com apenas 270grs, morreu depois de 3 dias, e aí fazendo exames para saber o que tinha ocorrido descobri tbm que tenho trombofilia, depois disso nunca mais consegui engravidar, então resolvi fazer fertilização em Vitro, e aí veio minha maior surpresa não tenho mais nenhum óvulo, é como se eu já estivesse na menopausa, fiz duas vezes e não deu certo, aí me pergunto como pode ter acontecido isso, se a um pouco mais de um ano atrás eu engravidei naturalmente, mas enfim está é minha realidade, agora somente poderei engravidar se for com óvulos doados, mais acho que não terei coragem, achei este blog e me identifiquei muito por isso resolvi dar meu depoimento, sei que tem pessoas em situações bem piores, mais não está sendo fácil entender e me conformar com minha situação!!

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  8. Lucimara
    Imagino sua dor com a perda de sua filha. Realmente é difícil entender isso tudo! Não digo que é impossível engravidar com baixa reserva ovariana. Eu mesmo conheço 2 pessoas que engravidaram depois de tratamento com FIV, mas diria que bem mais difícil. Ela tiveram muita sorte!
    Não pense na situação de outras pessoas. Cada um tem os seus problemas. E o seu significa muito para você!
    Espero que com meu blog você possa ver que nem tudo está perdido. Amor de mãe é algo maravilhoso e isso você sabe!
    Te desejo luz e sorte!

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  9. Renata,
    Estou encantada com seu blog! Você poderia escrever mais vezes! Rs
    Obrigada por dividir conosco a sua experiência e nos mostrar que não somos as únicas a passar por isso.
    Também escrevo um blog, e gostaria de dividir com minhas leitoras seu texto sobre os livros. Posso, meu blog é o http://hojefiveteamanhamamae.blogspot.com.br ficarei muito feliz em poder compartilhar seu texto.
    Beijo e parabéns pelo blog e pelo filhote

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  10. Dani, fico feliz com seu comentário! Eu tento escrever mais, tenho tantas coisas na cabeça, mas não consigo tempo para sentar com inspiração e escrever. Devagar e sempre! Fico feliz que esteja escrevendo também sobre o assunto! Quanto mais gente melhor! Me lembro que na minha época que descobri a falência ovariana só lia texto impessoais na internet. Falta a gente mostrar que nossos sentimentos e medos são iguais! Realmente não estamos sozinhas!
    Fique a vontade para usar o texto que quiser! Só peço que mencione a autoria. Vou tentar colocar o seu blog como sugestão de leitura no meu. Confesso que não sou muito boa na administração da página.
    Boa sorte no seu tratamento! Que vc seja abençoada brevemente com seu filho! Bjs

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  11. Este comentário foi removido pelo autor.

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  12. Lendo este post, vi minha história!! Identica, até o momento da fertilização...Estou lutando, pois não temos condição de fazer o tratamento!!

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  13. Oi Fabíola! Não bastasse todo o sofrimento da infertilidade ainda tem a questão financeira que para as receptoras muitas vezes fica inviável. Fica muito caro! Existem algumas clínicas que oferecem descontos através de projetos de acesso à pessoas de renda menor. Você é de onde?

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