Outro dia
precisei fazer um exame de sangue e levei meu filho comigo. Ao ver todos
aqueles tubinhos de coleta de sangue ele falou: “Ela depois vai colocar na sua
barriguinha?” Na hora a moça que estava coletando o sangue perguntou: “Tá
achando que isso aqui é uma FIV?” Ri e expliquei a ela que provavelmente sim!
Isso vem do livro que leio para ele. Expliquei para ele a diferença do exame de
sangue para a FIV (de maneira simplificada é claro). Achei legal o comentário
dele, pois significa que ele assimilou um pouco da idéia do livro que ele tem.
Hoje vi mais
uma demonstração de como ele anda trabalhando isso na cabeça dele. Andando de bicicleta estávamos conversando
sobre a importância de “dar a mão” na hora de atravessar a rua. Ele começou a
reparar que várias pessoas não tinham crianças com elas e falou: “elas não têm
crianças por que não tem a célulazinha, não é mamãe?” Mais uma vez expliquei
que provavelmente elas tinham sim a célulazinha, mas que não tinham crianças
ali com elas por diversos motivos (pontuamos alguns). O fato é que ele entendeu
a história da FIV e da falta do óvulo! Óbviamente que não no grau de
complexidade que o fato envolve, mas sabe!
Aos que leram
meus posts anteriores viram que eu sempre pretendi contar ao meu filho a
verdade. Tenho isso muito claro dentro de mim. Não quero viver com ele uma
mentira (ou omissão da verdade) até porque a chance dele descobrir a verdade no
nosso caso é muito grande! Eu e meu marido somos O+ e ele é A+. Na primeira
aula de genética sobre fator sanguíneo ele ia “sacar” que tinha algo de diferente.
Não queria que
sua história fosse revelada numa conversa séria durante sua adolescência.
Talvez eu ainda tenha essa conversa séria, mas não como uma revelação, mas como
uma explicação mais detalhada de tudo. Sendo assim, resolvi comprar livros que
contassem nossa história através de personagens. No Brasil ainda não conegui um
livro que trate deste assunto com crianças. Fiquei sabendo pela minha prima que
mora nos EUA que lá existem diversos títulos para tratar desse assunto. Resolvi
encomendar 3 para ver como eram.
Os três tratam
mais ou menos da mesma forma. São bichinhos que são felizes mas que gostariam
de ter um bebê. O casal conversa entre si e diz que quer ter um bebê. O tempo
passa e o bebê não vem. Eles vão ao médico e a fêmea fica muito triste ao
descobrir que não tem mais a célulazinha (cada livro usa um termo diferente
para o óvulo e eu, bióloga que sou, uso o termo célula). O tempo passa e ela
ganha uma célula! Neste caso a forma de apresentar isso varia também. Em dois
deles o óvulo vem numa caixa de presente, dizendo que foi uma moça que mandou.
No terceiro livro (que meu filho mais gosta) aparece uma coelhinha cheia de
coelhos pendurados dizendo que ela tem muitas dessas células e que irá dar uma
para a coelhinha que não tem. Confesso que nessa hora engasgo um pouco pois
aquela coelhinha me incomoda. Prefiro os que são entregues em forma de
presente, pois foi assim que aconteceu comigo. Não conheci minha doadora. O resto das histórias vocês já imaginam. O
médico junta as célulaszinhas, coloca na barriga da mamãe e ela engravida (como
se fosse fácil assim! Rsrs). No final todos ficam muito feizes com a chegada do
bebê que foi muito desejado e é muito amado! Final Feliz!
Como eu
introduzi essa história para meu filho (que atualmente está com 3 anos e meio)?
Eu coloquei os três na estante de livros dele. Toda noite ele escolhe dois
livros para eu ler. Ele tem alguns livros prediletos, mas sempre gosta de ler histórias
novas. Um dia ele escolheu a do coelhinho e eu li. Não falei nada (acho que eu
precisava também me preparar!). No dia seguinte ele pediu para ler de novo. Li
e continuei sem falar. No terceiro dia eu li de novo e comentei quando aparece
a coelhinha chorando que era igual a mamãe, que tinha descoberto que não tinha
mais a célulazinha. No dia seguinte ele pediu de novo! Acho que ele estava
precisando assimilar! Neste dia ao final do livro eu expliquei que essa
história era igual a nossa e que eu o amava muito! Chorei neste dia (sem que
ele percebesse). Mais um dia e li de
novo, repetindo em algumas partes que era igual a mamãe. Isso já faz uns 4 ou 5
meses. Até hoje ele pede de vez em quando para ler a história dos coelhinhos,
não todo dia como ele fez nesta semana, mas diria que o livro dos coelhinhos está
entre as histórias prediletas dele! Os outros dois livros eu li para ele e ele
assimilou que era igual a coelhinha, mas não deu muita bola para os livros.
Acho que está
sendo uma boa estratégia pois para ele isso é natural (na verdade acho que
pensa que todas as crianças vez de tubos de ensaio). Aos poucos vou explicando
para ele outras coisas, mas sempre que o assunto surge. Espero que dê certo!
De uma coisa
eu tenho certeza! Ele se sente muito amado e isso basta!!
Coloco aqui as
capas dos livros que comprei!
Este é o predileto do meu filho! |
Este é o que eu acho mais fofo!! |
olá Renata como vai? em breve teremos o livro da Carmen Martinez em português, ela mesma me confirmou. bjs Luiza
ResponderExcluirOi Luiza Maria!
ResponderExcluirQue boa notícia! Se puder depois passar mais informações eu ficarei feliz! Procurei na internet, mas não achei nada ainda. Bjs
Renata
Oi, Renata! Chorei com a sua história.
ResponderExcluirFui no consultório na semana passada e tenho mínimas chances de conseguir engravidar com os meus óvulos. A médica indicou a ovodoação prontamente e eu disse que não. Mas comecei a pensar sobre o assunto. Vou ler todos os seus posts e continuar pensando. Muito obrigada! Hoje mesmo estava pensando nisso. Se caso decidisse, se falaria ou não...Bjs
Assim como relato acima eu ouvi da médica a ovodoação e disse: não! Ela falou; não quer ouvir mais? Há 2 dias este assunto se move é fiz vaporização do útero uma vivência ancestral com ervas. Vi o imenso amor que une as mulheres quando querem conceber a vida! Hoje vejo de forma mais ampla dissolvendo preconceitos e honrando os caminhos do amor. Um dos fatores que ficam difíceis de aceitar seria não contar ao meu filho. Acessei Google em busca de relatos que me dessem exemplos. Sou muito grata a generosidade de quem aqui compartilhou e indicou os livros. Mais uma vez senti este fio que une todas as mulheres que honram a vida! Não estou sozinha! Isto é muito bom
ResponderExcluirEu passei por duas FIVs e agora eu espero alegremente o dia que a doadora (que eu não conheço)que vai me doar a celulinha, tenho certeza que terei as mesmas alegrias e dúvidas que vc teve, mas isso não é nada comparado ao amor que já existe dentro de mim. Obrigada por suas palavras tinha muitas dúvidas de como falar porque não consigo viver na mentira, mas chorei ao ver que quem complica somos nós, para os pequeninos o nosso amor é o mais importante.
ResponderExcluir