terça-feira, 2 de julho de 2013

Aceitando a idéia de ovodoação


Como bióloga, sempre estudei e achei lindo a genética! Talvez muito influenciada pela minha avó materna. Não porque ela me incentivou nos estudos, mas porque sempre fui muito parecida fisicamente com ela. Aliás, eu e minha irmã mais nova. Se pegarmos fotos da minha vó quando criança podemos dizer que somos nós! Sendo assim, eu sempre brinco com minha avó dizendo o quanto é bom saber que vou continuar linda quando ficar mais velha! Modesta eu? Talvez não! Mas o comentário é para elogiar ela mesmo!
Bom, com essa genética tão forte em minha vida, como aceitar ter um filho que não tenha a minha genética? Afinal nos perpetuamos no tempo través dela! Será? As pessoas são lembradas na história pelo que fizeram e não pelos seus cromossomos!
Difícil decisão! Então por que não ficar tudo em família? Será que minhas irmãs aceitariam me dar alguns óvulos delas? Assim eu ainda teria a chance de manter minha genética (ou algo próximo)! Esses meus dois amores não tiveram a menor dúvida em aceitar! Tivemos muitas conversas, conversas sérias, cartas na mesa, perguntas. Mas sempre na certeza que estariamos fazendo a coisa certa. Encontramos um médico que aceitasse a nossa proposta (na época não havia nenhuma recomendação do Conselho Federal de Medicina –vou falar sobre isso num outro post)  e fomos em frente!
Minha irmã mais nova começou as induções e para a surpresa dela não produziu muitos óvulos. Como ela ainda não tinha filhos, resolvemos guardá-los. Mais uma indução sem sucesso e nada! Depois dessa, ela resolveu tentar ter filhos. A menopausa precoce pode ser genética e na minha famíla sabemos de casos que confirmam isso! Apesar de todas já terem filhos! Para nossa alegria ela engravidou logo e teve uma linda menina!! Chegou a vez da minha irmã mais velha... A mesma coisa! Sem sucesso. Neste processo se passou 1 ano e meio e o suficiente para eu amadurecer a questão de receber um óvulo cuja genética era desconhecida.  Afinal o desejo de ter um filho e engravidar era muito grande!
Muitas conversas com o médico sobre as características que considerávamos importantes! Ele era um bom ouvinte! Meu biotipo é comum, então não seria difícil achar alguém com minhas características. Mas ainda assim era importante (pra mim) que achasse alguém parecida comigo!!
Primeira tentativa, segunda tentativa, terceira tentativa, quarta tentativa, quinta tentativa... Socorro!! Será que nunca dará certo para mim? Em todos os casos os embriões eram de “baixa qualidade”. Mas por que? Afinal as doadoras tinham “bons embriões” e engravidavam. Os resultados do meu marido mostravam que os espermatózóides estavam ok! Mesmo assim o médico recomendou um antibiótico e vitaminas para tomar um tempo antes da coleta. Não aguentava mais esse sofrimento todo! Afinal a vida meio que pára durante este processo!
Sexta tentativa: três embriões, dois “ruins” e um “mais ou menos”. Bom, vamos implantá-los então! Não vou criar expectativas. São 11 dias até o exame de sangue. Neste dia fui ao laboratório e coletei o sangue. Depois segui para o batizado da minha sobrinha. Neste dia comecei a sentir cheiros! Era algo mais forte! Isso é besteira! Não pense que vai dar positivo!
Segui para casa e de noite abri o resultado só por abrir. Já conhecia  aquele negativo. O que?  Hormônio Gonadotrófico Corionico (HCG) – 158 mUI/ml. Tem um número!!!!!!!!!!!!!! A partir daí fiquei chorando por um bom tempo. Meu marido veio me consolar e eu não conseguia explicar que o choro era de alegria, pois era um choro nervoso de quem não acreditava. Liguei para mãe, irmãs e a mesma coisa! Custaram a ententer que era alegria!!!! Tem um bebê dentro de mim!
Em conversas sobre medo de não gostar do filho ou rejeitá-lo com meu médico ele disse que no momento em que visse ele sair da minha barriga eu iria me apaixonr por ele. Não foi assim...
Minha primeira ultra foi com 5 semanas. É um momento tenso! A ultra serve para ver se o embrião se desenvolveu e se o coração começou a bater. Ou seja, se a gravidez foi adiante. Ai! Tomara que esteja tudo bem!
No momento que ligou o monitor da ultra eu percebi que estava grávida mesmo. Aquela imagem eu nunca tinha visto (e olha que eu só tinha visto o endométrio). De repente aparece uma cosinha, sem forma, com uma luzinha piscando rapidamente no meio. Era ele! Ohhhhhh! Me apaixonei (e chorei é claro!)!!! O médico ligou o som e ouvimos os batimentos (chchchuchchcuchchcu...) e o meu coração rapidamente acelerou também! Saí da ultra dizendo ao meu médico que não precisaria esperar o nescimento dele pra me apaixonar. Já tinha gamado!
Na segunda ultra ele já tinha forma de gente! Braços, pernas, tronco e cabeça! Meu filho!!! Me apaixonei ainda mais! A cada ultra me apaixonava mais (mesmo achando que isso não era possível).
Nasceu! O amor multiplicou várias vezes! Hoje ele está com 1 ano e meio e, não sei como, o amor continua aumentando! Não que eu amasse ele pouco antes, mas é que amor de mãe vai aumentanto mesmo!  
 
Ao infinito e além!
 

13 comentários:

  1. Que linda historia!!! Espero que um dia possa viver este amor!!!

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    1. cmsab, Obrigada pelo carinho! Espero também que você consiga superar as dificuldades desta luta e ter alguém para esbanjar este amor maternal! Quando conseguir seu positivo venha me contar!!

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  2. Cara amiga, vc fez seu tratamento em que cidade? Pode contar o nome da clinica? Abc.

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  3. Sua história é linda. Continue contando por favor.

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    1. Si, obrigada! Seu comentário foi um estímulo para continuar a escrever! Espero que goste do novo post!

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  4. Descobri agora a menopausa precoce. Não tenho mais óvulos e pelo o que o médico falou a ovodoação é a única saída que tenho para realizar meu sonho de ser mãe. Ler seus textos foi um afago nessa hora de desespero. Obrigada. Escreva mais por favor. Felicidades a você e sua família :)

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    1. Si, me lembro o dia que descobri também e corri para a internet para ler sobre o assunto. Só vi publicações que falavam de forma fria sobre ovodoação. Tipo: "Pessoas com falência ovariana só podem ter filhos através da ovodoação." Sim. Ok. Mas como funciona com o nosso coração, a parte prática eu já entendi. Foi por isso que resolvi escrever este blog. Para mostrar que no início levamos um susto, mas depois que conseguimos o que queremos isso fica pequeno e o amor de mãe enorme!!!
      Boa sorte para você! Sempre que quiser um conselho e um carinho aparece que tentarei ajudar!!

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  5. Oi Renata!! Vc não pode imaginar como a leveza e amor da sua historia me fizeram ter ainda mais certeza da minha decisão!!!
    Esse ano tive tbem a noticia de q ñ mais poderia engravidar por estar na menopausa. Estou em tratamento em uma clinica de fertilização com medicos e profissionais muito competentes q de forma muito tranquila e "rapida" me deram a opção da ovodoação, afinal já estou com 41 anos!
    Minha maior questão é o "contar"/compartilhar essa decisão com familia, amigos e futuramente com meu filhote. O que vc trabalhou na sua cabecinha e coração a respeito desse assunto????
    Já estou na lista esperando por uma doadora. Me informaram q ñ é um processo rapido, demora aqui onde mora cerca de 6 meses p encontra-la e depois o tempo necessario p tratamento. Foi assim com vc?
    Tbem tinha essa questão da genetica ...mas hj, vendo os depoimentos e ouvindo o q as enfermeiras, medicas e psicologas da clinica contam, depois de 9 meses gerando esse serzinho e com o nascimento dele... tudo fica pequeno diante da felicidade e amor q essa relação nos traz. Mas mesmo assim me questiono... contar ou não contar??? O q vc pensa sobre isso???
    Beijos e obrigada por esse blog e por dividir sua experiencia conosco!!!
    Juliana

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    1. Juliana,
      É tão bom ler que o que escrevo faz algum diferença na vida de vocês!! Espero que consiga logo sua doadora. Não esperei tanto tempo assim não. Mas apesar de 6 meses parecer muito tempo é melhor que te deem um prazo maior do que você ficar na expectativa de qualquer momento. Já estou na torcida que dê tudo certo! Com relação a contar, as coisas aconteceram de forma tão natural que nem me lembro muito. Sou de uma família de 4 filhos, 3 mulheres e 1 homem, mais os meus pais. Quando fiquei sabendo da dificuldade que teria para engravidar fiquei arrasada e chorava muito. Minha mãe e irmãs sempre foram muito presentes e contar para elas foi algo natural. Elas sempre se colocaram a disposição para me ajudar. Consequentemente seus maridos ficaram sabendo também e sempre me apoiaram. Fora eles quem sabe em detalhes da minha história é uma amiga e mais dois tios que são médicos e sempre me orientaram na busca de especialistas (um deles inclusive foi o pediatra do meu filho na sala de parto!). O restante da família não sabe por enquanto. Eu sempre tive muita vergonha de não poder engravidar. Quando me perguntavam quando viriam os filhos eu dizia que não sabia. Quando me perguntava se queria e dizia que talvez (mas no fundo queria muuuuito).
      Eu acho que você deve contar para quem você se sentir a vontade de falar. Não acho que deva ser um assunto para muita gente saber, não por ser um segredo, mas porque muita gente não entende e acaba falando coisas que machucam a gente. Acho que devemos contar para pessoas que não vão nos julgar e vão entender nosso desejo de ser mãe.
      Você já contou para alguém ou tem vontade de contar?
      Beijos
      Renata

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  6. Ei Renata. Tenho 42 anos. minhas chances de engravidar com meus óvulos são muito baixas, mas ainda existem. Sabemos que este é um processo muito doloroso, já passamos por alguns momentos de muita dor. Quero muito ter um filho, mas não acho legal tanto sofrimento. Por isto, a ovodoação começou a fazer parte dos nossos pensamentos, mas ainda é muito difícil aceitar esta idéia.
    É algo muito novo para nós. Valeu seu blog. Torna o tema mais próximo e mais humano. Sabe, menos científico mesmo. Neste momento é disto que precisamos. Um grande abraço.

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  7. Luciane,
    Hoje eu considero que a dificuldade na aceitação seja em função da grande "novidade" que é isso tudo. Quem imaginaria que um dia teríamos filhos que não teriam nossa carga genética e sairiam de dentro da gente... Desde meu diagnóstico até a aceitação de uma possibilidade de ovodoação se passaram mais de 5 anos! Eu levei muito tempo para digerir esta história. Hoje vejo que perdi tempo lamentando e questionando isso tudo (ou não! Talvez precisasse deste tempo mesmo...). O que eu posso te dizer é que meu filho é minha paixão! Agradeço todos os dias por ele estar junto de mim e ser essa pessoazinha tão incrível como ele é!
    Como eu digo no texto acima meu amor continua aumentando mesmo achando que eu já o amo demais!
    O sofrimento é pesado e eu passei muito por isso, por isso resolvi escrever esse modesto blog para falar um pouco da minha experiência.
    Te desejo muita luz e sorte neste momento!
    Um forte abraço
    Renata

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  8. Renata foi Deus que a colocou no meu caminho... Chorei, chorei, chorei com esse depoimento! Há 3 dias, com 37 anos, há 4 tentante sem sucesso, passando por diversos médicos "bom bam bam", recebi o resultado do hormônio anti mulleriano! 0,19!! Reserva ovariana baixíssima. Chorei 1 dia inteirinho e depois comecei a pesquisar as possíveis saídas para o meu problema! Fui no meu médico no dia do chororô e ele ainda não falou em ovodoação... Quer exames para saber se estimulando esses 0,19 ainda servem para alguma coisa! Mas confesso que sempre tive vontade de adotar também!! É sempre tive a certeza de que amaria um bebê vindo do meu útero ou não! Lendo o seu depoimento sobre as ultras, chorei pois me vi em cada uma delas!!! Acho que se eu ouvir o barulho de um coração batendo dentro de mim vou chorar tanto que precisarei de cuidados para o meu coração não parar!!! Obrigada por esse canal!!! Obrigada mesmo! Precisava disso para confirmar o que tinha quase certeza! 😘

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    1. Desejo a você boa sorte no seu tratamento! Que você em breve possa ouvir o som maravilhoso do coração batendo na ultra!

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